quarta-feira, 18 de abril de 2012

Mortandade Anunciada


Texto Bióloga e Supervisora da RME Débora Cristina Schilling Machry

Na vida de todos os seres vivos dos cinco reinos que existem na natureza todos tem uma única certeza, a morte. Todos tem um Ciclo Vital. Nascer, crescer, desenvolver, reproduzir, envelhecer e morrer. É natural pensar assim. Ninguém gosta de perder alguém seja a circunstância que for.
Alguns seres vivos, ao nascerem já morrem, ou então durante o seu desenvolvimento tem sua vida ceifada. O Ciclo de vida poderá ou não ser reduzido, vários fatores interferem neste processo.
Não é natural acelerar o processo vital de qualquer ser vivente, por ganância, egoísmo, inveja, porque o ser humano se acha “imortal”. Porque pensa que no seu conceito de crescimento, esta palavra significa apenas consumir para deixar de ser infeliz. É necessário aprender a lidar com as tristezas e também pedir ajuda. Se precisa de carinho pede, não maltrate a vida por que ela lhe parece injusta.  
Nosso Rio dos Sinos, infelizmente está sendo vítima de maus tratos. Do rio está sendo tirada uma grande quantidade de água para plantações, há contaminação por esgoto, indústrias jogam seus venenos letais na água.  Parece que estamos acima das conseqüências de nossas ações. Sabemos que não é bem assim. Se espalharmos ações de degradação a natureza não poupará nossas ações futuras. 
O Ciclo Vital dos animais e plantas que dependem deste habitat aquático está sendo abruptamente desrespeitado, cancelado, deletado, cortado... estancado.
Nos primeiros socorros, a prática de torniquete para estancar o sangue não é mais utilizada. Pode causar a necrose e morte de tecidos que até então não apresentavam riscos de infecção e de possível amputação. Fazendo um comparativo com o que está acontecendo com nossas águas também não é certo estrangular o nível de oxigênio a ponto de ter que amputar a vida de um rio que é vital para milhares de vidas. Não faz sentido.  
É esperado que a vida, enfrente vários desafios (fenômenos atmosféricos, predação, competição...num nível tido como normal para as circunstâncias esperadas). Mas não é bem assim, na anormalidade mundial do que está acontecendo a biodiversidade está ameaçada. Aquecimento global, violência socioambiental e falta de cuidado aceleram a degradação do ambiente. Menores serão as chances de todos nós.
Nosso rio está agonizando. Dependemos dele para abastecer nossas casas, para nossa higiene, para fazer nosso alimento, para o nosso  lazer ... para beber.
Nossa existência adquire um sentido de plenitude quando deixamos descendentes que em nossos ideais perpetuarão nossa espécie. Só nós? Os outros seres vivos não tem este mesmo direito?
 Em todas as células está impresso uma condição: deixar descendentes férteis para dar continuidade à evolução.
 Então pergunto, se não temos todas as respostas para a vida ou para a morte e somos criativos, podemos, lá em nossa casa, em nosso trabalho, na convivência familiar encontrar alternativas estratégicas para evitar mais mortandades desnecessárias? Pense nisso, precisamos entender que os problemas são oportunidades para o crescimento e não para limitações.  Tente se colocar no lugar da vida aquática que está sufocando e você verá que é insuportável viver assim e as respostas para a sustentabilidade irão brotar, florecer e frutificar. Tente fazer este exercício, você é capaz!




Débora C. Schilling Machry
Supervisora SMED
Interlocutora do PróSinos

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